domingo, 19 de dezembro de 2010

Passagens





I

Do ventre escuro de meus sonhos você surgiu
Trazia luz, e, embora uma alegria efêmera,era o pêndulo
que transitava nos extremos de meus sentimentos confusos.
Você me trouxe a paz.

O mares do sul são testemunhas de tua clareira ao norte
e de todas as minhas trovas a te engrandecer, infinitamente,
pelas brisas vespertinas de um coração alado e preso:
no sopro de teu ar.

O peso dos meus pés -agora- passam a ser uma pergunta,pois
os grãos de areia que me sustentam, sentem falta de tua leveza
sentem falta do teu corpo, do teu "eu" absorto
de tuas mãos...tão atadas a mim - ao chegar a beira-mar

Me pergunto aonde você estaria...mas as questões continuam...
Acordo trêmulo, como se meu coração estivesse em chamas,
mas foi apenas um sonho... um sonho vespertino...
Há passos lá fora...[...] seria você?

II

Foi então - enquanto me aprofundava nos mistérios da lua - que vi você.
Vi teu rosto emergir na escuridão: és bela, és pura; és deusa.
Cada passo teu, fazia irromper minha pele em erupções de ansiedade.
Seria você? - verdade, miragem, milagre. Mistério...[ ? ]

Te chamo, mas minha voz soa distante...- e é como se você me evitasse o olhar.
Há vários sons em meio a noite, mas o que impera é o do teu silencio
Deixo minha mãos deslizarem sobre teu corpo,  - você me olha - [ relance ]
Apenas sorri um sorriso terno - lábios cerrados- ...como uma despedida [ lágrima ]

Minhas mãos seguram o tronco de teu corpo, enquanto você me lança os olhos em face;
Um cacho teu, se perde na beleza de teu rosto pleno e me esconde o esquerdo-olhar
Você abriu os lábios ( e eu, cerrava meus olhos lentamente...) você se aproximava...[sensações]
Ainda me lembro - e guardo - , no silencio de nós dois, teus lábios emitindo a nota (a última), antes do beijo.

Era um som de saudade (doce), mas no íntimo, um grito desesperado e gutural...[ ausência ]
É você. Você em todas as suas formas de encanto... Você... tão distante [tão perto]
Ao longe, alguém se tornará o maestro que findará essa sinfonia andante - E você dará a última nota.
O mar, grita mais um estrondo de suas ondas de trovão e eu -  por um pífio momento - me vejo...

Deitado entre o frio da maré e o calor de pegadas que não são minhas... a lua ainda brilha....
Há um véu escuro por detrás do mar.... sinto vontade de saber o que há por detrás do horizonte...
Continuo minha caminhada.... Você já não está mais aqui. Foi mais um vulto, um  sonho - um surto -
Mais uma passagem, que aleatoriamente, eu escolhi para chegar até você

[...]

Silenciosamente

Autor: Gustavo Mahler