quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Fim sem Início


...eu dei o tom
de todos os estados de encantamento
que eu pude tonalizar...
ebarbarizar o avesso do Eu

mas você só me disse
ser lindo lindo

e só

escorreguei por entre suas mãos
e voce inerte não sentiu
todo amor
que bordei em contas de vidro...

te disse para não temer a escuridão,
e voce me dizia em silencio
ser eu mesmo
o medo maior

Te vi de longe
parecia ser esse meu último olhar...
onde você se esconderia?
procurei respostas para as irrealidades
e nem a alquimia
do infinito me respondeu

de um súbito
o espelho que te multiplicava
se quebrou
teu nome escrito em carvão
se desfez

e tua última mensagem se perdeu em minhas gavetas de sangue.

era como se nossas almas
se comunicassem por ruídos...

Como se gotas
de lágrimas secretas
dentro de mim
ja entendessem que o fim
viria sem início

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Outono



Quando todas essas memórias me visitarem 
outra vez 
Nada mais importará

Eu estarei lá querendo você.

Quando teu olhar disser
"Sim"
Eu estarei lá 
esperando
 [Quem sabe agonizando]
Pela dor de só te ter na 
Primavera
...

[ e esperando ]
Contarei e confiarei...
Como quem observa
Os dias dançantes

Como as fiandeiras que exercem toda a paciência
De suas mãos 
enquanto cantam 
a eloquência 
da construção do destino
que se estende como símbolos quiméricos em tuas mãos

Mas você não sabe 
e nunca saberá...
que há folhas no outono
Sejam elas 
secas, nuas
Soturnas
e cruas

não há importância:

São todas folhas secas de outono
cheias de fástio
aceitaram o destino
que o dançante vento
a fruta imaculada
e a nova estação  he deram

Mas voce nunca irá saber
que lá
em segredo
em meio as últimas horas
as folhas
[ secas ] 
combinam um reencontro

em algum lugar...

e irão renascer...... em algum lugar.....

não se perderão em meio ao tempo
como teu nome
que esqueci 
escrito naquela árvore

cheia de folhas secas.............

eu jamais entenderei os mistérios 
do mundo
ou você

e nem teu riso 
Que já se confunde 
com o canto de teu falar 

E o lume do seus olhos
Que ainda estão intactos em mim

E ainda não foram devorados,
    pelas cinzas das horas
 ........... 


domingo, 18 de dezembro de 2011

A Carta






...
se eu te contar histórias,
daquela que estão soltas
por versos vadios,  - como prosas
tão minimalistas quanto a
essência do ser
tua alma, alumiando meu olhar,
com o terno facho de luz que te
rodeia,
te colocará em êxtase:
recôndida e turva

A flor de um crepúsculo.

[ ... ]

Mas, se de meus lábios
saírem os versos que fazem teu olhar parar
no eclipse primordial do desejo
haverá entre mim e ti
a pausa dos muitos minutos
 que nos rodeia de um silêncio,
pai de um deserto que nos trancou
n’um vasto sítio de solidão e vazio
e que nos deixa sonhar a sós...

Se eu te falar destes versos
haverá o descompasso do miocárdio e
o gélido do suor das mãos...
pois embora teu olhar
esteja do outro lado do mar
e teus sonhos, presos no abismo da noite,
da chuva e do vento,
vejo na palidez do céu, tua face volver à minha
e como todo ser humano,
escondo todos os medos
e o que pertuba minh’alma
nos alçapões tenebrosos do vazio
que há em todos nós...

Volto os sussurros de meus dedos para a folha de um
papel amarelado, que tinha o risco translúcido
que cicatrizou em teu dedo
o sangue que coagulou com a calor da minha saliva
e do risco [ ainda translúcido ]
 que ficou na palma de minha mão...

Mas o que importa, amor,
é que o contato com tua alma
atravessa o vazio
e brota , como o calor de uma saliva,
na derme de tuas mãos...

mas a distância, com toda sua fúria,
carregou-te para longe
e entre nós já não há
a dança do olhar...
e  já não há, amor,
 mais o tempo em que eu
escrevia em teus seios...

 as equações, a dança do sol
e o verso terno que plasmava
tua mente, no prazer simbiótico
de tuas entranhas...

 [ ...um poema...em teus seios...pausados
pela vertigem de teu olhar.... ]

... ainda me lembro do
teu medo de adormecer sobre o leito dos sonhos
e teu pavor de despertar no sonhar
tateando o escuro sem saber o que sou...
mas teu sorriso alvo
sempre trazia tuas palavras sinceras
dizendo ser eu tua veia cíclica e errante,
o mago de tuas histórias...
o tatuador de seios...
aquele que usava teu dorso,
como pauta de canções
todas elas lúdicas e mesmo assim,
solitárias...
 tudo de um compasso que se inicia descompassado
ser inperfeito dos desejos enebriantes
paz ausente quando os lábios se tornavam apenas um...

lábios antagônicos,
que se juntavam como duas palavras
que de um gesto se formavam versos
contando o princípio
da história de dois mundos...

 [ O mago das histórias ]


Mas em meio a tudo isso
ainda sim,
riscarei um poema sobre ti...
como o poema inacabado
dos lábios que falam pelas mãos
como os cílios que cerram os olhos
em momentos que muitas das vezes
poderiam ser inesquecíveis
mas ficam no inconsciente
turvando a memória
com os relances que insistem
em se manifestar
no obscuro abismo do sonhar...

Já escureceu, amor...
O tempo, o vento e o mar,
ainda me dizem que nunca mais hei de encontrar...
mas o que é tudo isso para dois olhares,
que mesmo intercalados pela impiedosa distância do vazio
ainda insistem em se encontrar  [?] ...

Com amor,
Aquele que tem tatuado sobre o corpo
o desenho de teu olhar ...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

SOPROS





Dou,
Nego.
Desapareço...


Quase sempre me oculto em teu silêncio
Quase sempre me esvaneço em teus laços
Teus gestos... abraços...


È quase impossível dizer que "quase",
Quando o muito já se esvai
E a mente - ser torturado pelo momento -
Nega, constantemente, que o "tudo" se acabou...
E só o "nada", resta como o ínicio de um começo.



sexta-feira, 18 de março de 2011

EU TE AMO







"Tenho em mim todos sonhos...
agarro a paz 
como o vento que resvala em meu rosto...
me alimento de sorrisos
e o sono, muitas das vezes ,
se torna o refúgio escuro, que busco
no abismo de mim mesmo...

Diante de tudo isso,
o que mais temo é a ausência
da concha de tuas mãos
de teu sorriso de paz
e de tua voz,
dizendo, quase sempre,
eu te amo. "



Autor: Gustavo Mahler



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Memórias





Ainda é frio.
permaneço aqui dentro,
sozinho
eu e os seres que se ocultam do gélido vento
                                         [que dança lá fora


Me pergunto que seres são esses
mas continuo sem saber - só sei que são.
Existem
Nada pode mudar uma existência coerente
aquilo que não se vê ou toca, mas está lá. Existe.


E eu ainda sou eu
Aqui, ali, lá fora....nas lembranças que navegam
obtusas,
como uma infinita colcha de retalhos


Sento e olho a neve que cai lá fora
e penso em tudo o que aconteceu...


Daquilo que foi e ainda não foi
de minha letra escondida nas
entranhas
do papel amarelado, embaixo de teu travesseiro branco




Penso nessas lembranças, e me deixo levar pela hipnose do espírito


[...]


Mas e tua letra invisível
escondida no oculto de minha derme?...
Meus braços ainda revelam o desnível que teus dedos
deixaram
no último adeus...


Tuas lágrimas prateadas que
- brotavam lentamente -
se tornaram
uma amálgama incompleta
ante a dureza do destino
que foi me levando pra longe...
longe longe dos teus gestos


Mas na distância eu vi em teus olhos
                                        [ um adeus...


Tinha o gosto da fruta que tua boca mordeu
e deixou em cima do quadrado da mesa que
se estendia na sala


Tuas mãos, que esfregavam o vento
 - como um sinônimo de adeus -
me fizeram ver a paz que foi brotando entre nós...


Mas uma paz diferente... aquela que dá um nó
e prende as lágrimas no calabouço da angústia


Lá dentro, no fundo escuro que chamamos de alma,
recaiu sobre mim o peso soturno e amargo da saudade
e vi que tua ausência é uma sinfonia silenciosa
uma pausa de infinitos compassos


Ainda hoje ao longe penso nas declarações
de teus dedos sobre meu corpo, nas declividades
que tuas mãos faziam sobre mim
da mágica de tuas pernas ao arrebatarem minhas
entranhas frágeis...


Ainda lembro...


Da flor silenciosa que prendi em teus cabelos
e de súbito -  e em recíproco -  me soltou
uma pétala...
a pétala que voou, em meio ao teu olhar de "nunca mais" ...


Meus olhos que nada falaram
apenas ficaram como a lagoa que me saudava
mais a frente...
E em minha face
um regato úmido, bordado pelo carmim
que faz força com as órbitas oculares, para enfim
tecer a tristeza da despedida, que brota
na forma de uma cachoeira chorosa da qual
chamamos de lágrima


A noite e o dia travam um batalha silenciosa


A noite vence.


Embora não veja mais teus olhos, tua derme e teu aroma,
que voa longe,
sinto um laço distante, invisível e pueril que se amarra nas
amarras de minhas lembranças
e escrevem dia-dia
na tábula-rasa do meu coração...


A neve cai.
Vejo pelo espelho do vidro um círculo que não pára:
Neve, eu e maçã


Reavivadas por uma sinfonia silenciosa
que insiste em não parar de tocar


Vejo e revejo os momentos que acompanham o "clock-clock"
do relógio da biblioteca


Constantemente sinto esses "seres" que me acompanham:
em um momento uma voz que me pede um beijo,
outrora um sorriso longo, com um som
que ecoa por cada canto que foi seu.


Enfim...


...são só pensamentos...


infinitos pensamentos... retalhos, códigos e sensações
que quase sempre fazem me lembrar das mãos, do adeus,
da fruta na mesa, que ainda não se estragou...


São memórias,
atinadas por você, que ainda está em mim
em algum lugar,
um lugar oculto, que me impede de te achar e de me reencontrar...


um nada
sem
você


Preso a essas memórias


[...]


Eternas memórias...




Autor: Gustavo Mahler

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Descrições




Por teus lábios tatuados nos meus
por teu abraço longo
que deixou um nó em minh'alma


Por teu sorriso, que tingiu
a obscuridade de meu ser 
com as cores do branco...


Por tua assinatura (feita por teus dedos),
em meu rosto turvo
numa claridade vespertina.


Por todos os nomes gritados
no pavor do vazio...
um "nada"que chamo de saudade.




Autor: Gustavo Mahler